terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MEIO AMBIENTE


PARA SALVAR O MUNDO: A COP 15...SERÁ???

Por Almiro Brzezinski

Em palestra sobre Geopolítica do Ambiente, realizada em maio último, trouxe a tona o assunto da COP 15 (sobre o que já discutia-se há no mínimo um ano) e na oportunidade, deixei claro para aos presentes que tínhamos duas possibilidades para esta conferência: ou estabelecia-se um novo e fragilizado acordo ou, se deixaria para outra oportunidade a questão de Kyoto, o que convenhamos, nenhuma opção coerente e eficaz para a situação.

Nos dias que antecederam o encontro, tive mais certeza ainda do que disse meses atrás, tamanha a falácia dos líderes mundiais sobre a questão do aquecimento e de suas possíveis metas de redução.

Infelizmente, acertei em minhas conclusões, mas em nem uma ou outra opção...pior, foi nas duas. Primeiro, se estabeleceu um novo acordo, este muito fragilizado e com nenhum amparo jurídico e postergou-se para semestre que vem uma nova conferência sobre o clima e para as duas próximas COPs (16ª no México e 17ª na África do Sul).

Nada poderia ter sido diferente. Primeiro pelo número de participantes. Mais de 15 mil pessoas credenciadas. Somente o Brasil enviou mais de 500 "delegados" do clima. Como vão haver debates, achar conclusões e estabeler metas com tanto volume de pessoas em um mesmo lugar. Para muitos, a COP15 parecia a entrega de um Oscar, tamanho glamour do evento, onde chegavam celebridades com seus jatinhos particulares, limosines, etc. Realmente, todos estavam muito empenhados com o clima. Até o Exterminador do Futuro apareceu por lá.

Segundo, pelas metas que muitos chefes de Estados vinham a púlico defender como necessárias para conter o aquecimento global: 40%, 50%, chegou-se a pulicar 85% de redução na emissão de gases até o final deste século. Meus amigos, por mais otimistas que sejamos, isso já é piada com a sociedade. Imaginem a China cortando suas emissões em 50%. Não é possível imaginar, porque isso nunca vai acontecer. E isto vale para a grande maioria dos países presentes. Energias fósseis e arcaicas ainda são a base da economia mundial, incluindo nosso país, que chegou com muita pompa, discutindo-se nossa hidreletricidade e o biodiesel, mas que o paradoxo se estabele com grandes financiamentos do BNDES (público) para termelétricas movidas a carvão, o famoso pré-sal vindo por aí, sem falar em um governo que fez de sua gestão um verdadeiro desastre ambiental, com medidas provisórias espúrias defendendo o grande "desenvolvimento" pelo PAC, a grilagem e o agronegócio, em detrimento do meio ambiente.

O debate deve se dar de maneira mais clara e coerente. Literalmente, acaba-se discutindo apenas modos de se ganhar cada vez mais dinheiro com o pano de fundo da proteção ambiental. Enquanto o debate estiver centrado apenas em negociações de créditos de carbono, uma falácia que se instituiu como salvadora do mundo, não vamos chegar a lugar algum. O homem não conhece nem mesmo seus próprios ecossistemas (ou não tem incentivo para isso...leia-se $$) e quer negociar toneladas de carbono.

Chega ser deplorável escutar Mr. Al Gore (que de político frustrado, tornou-se o Sr. Clima) vindo a público para dizer que o Ártico não terá mais gelo até 2020. Quando questionado sobre o Climategate, visivelmente constrangido, disse que são informações plantadas por quem quer continuar poluindo para crescer. Será? O aquecimento global gera muitas divisas hoje em dia, com sensacionalismo então...

E o que dizer do Obama, nosso Nobel da Paz? Qualquer semelhança com Bush é mera coincidência...

Devemos ser mais responsáveis quanto as discussões. O Efeito Estufa "intensificado" está ocorrendo, mas medidas mais severas e consistentes devem ser tomadas em prol de soluções. Debates vazios, e superficiais, privilegiando algumas super potências não podem mais ter espaço. Todos devemos assumir nossas responsabilidades, mas de modo coerente e deixando a falácia e utopia de lado. A situação chegou ao extremo que devemos pensar de forma simples, porém lucidamente: o absurdo ou a vida.

Agora em tom de desabafo: nestes anos de ambientalismo, já me deparei com mestres, excelências nesta área, que, segundo eles, depois de muito tempo, literalmente esfriaram em suas causas. Questionados sobre isso, respondiam que muito se falava há 10, 20, 30, 40 anos, meio século discutindo a mesma coisa e nada de concreto fazia-se, pelo contrário, a situação encontra-se cada vez mais difícil.

Claro que não chegaremos a este ponto, pois há muito o que se fazer ainda, até porque , parafraseando Flávio Tavares: "a mudança climática é apenas um sintoma da doença grave da degradação do planeta pela ação humana.". Mas que está difícil...a está!!!

PS: desculpem pelos dois últimos parágrafos. É que está complicado de engolir certos absurdos de nossa classe política e não reagir com veemência.

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